© Luciana Molisani

_salas de leitura

Todas as atividades são GRATUITAS

Quando:

15.08 [qui], das 13h30 às 19h
16 a 18.08 [sex a dom], das 11h às 19h

Onde: Edifício Vera . Rua Álvares Penteado, 87 . São Paulo

Dúvidas:
info@festivalimaginaria.com.br

SALA 04 – 5º andar  

_Modos de ver

curadoria de Isabel Santana Terron e Luciana Molisani

“Mesmo que toda imagem implique um modo de ver, nossa percepção ou apreciação da imagem também depende de nosso próprio modo de ver.” — John Berger, Modos de Ver

 

Quem tem o direito de ver uma imagem? Quem tem o direito de ver um livro de fotografias?

A exposição Modos de Ver aborda questões de acessibilidade e direitos, destacando a importância de políticas inclusivas para pessoas com deficiência visual. Nosso objetivo é promover iniciativas que ofereçam novos modos de “ver” um livro de fotografias.

As leis de acessibilidade em nosso país têm avançado significativamente, garantindo maior autonomia e qualidade de vida para pessoas com deficiência. No entanto, a luta por mais acessibilidade e inclusão continua.

A acessibilidade atitudinal — práticas, atitudes e comportamentos que promovem a plena participação de pessoas com deficiência em igualdade de condições — é essencial para uma sociedade mais justa e igualitária. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que mais de 6,5 milhões de brasileiros têm deficiência visual, sendo 500 mil cegos e cerca de 6 milhões com baixa visão.

Como você descreveria um livro de fotografias para uma pessoa cega A audiodescrição traduz signos não-verbais (principalmente imagens) em signos verbais, permitindo que pessoas com deficiência visual experimentem um senso de pertencimento. Este processo requer pesquisa, técnica e conhecimentos específicos, e é realizado por uma equipe formada por roteirista, narrador, consultor (pessoa cega ou com baixa visão) e técnico de áudio.

Os três audiolivros apresentados nesta exposição — Os Cegos de Sophie Calle, Baixa Estima de Cicero Dias, e Beleza de Dalila Coelho — estão intrinsecamente conectados pelo tema central da percepção e representação da beleza e identidade em diferentes contextos.

Os Cegos, de Sophie Calle, explora como a deficiência visual molda a compreensão estética de indivíduos cegos desde o nascimento. Ao estabelecer uma dialética entre os testemunhos de várias gerações de pessoas cegas e as fotografias tiradas por ela com base nesses relatos, Sophie Calle oferece aos leitores uma reflexão sobre a ausência, sobre a perda de um sentido e a compensação de outro, sobre a noção do visível e do invisível.

Por outro lado, Baixa Estima, de Cicero Dias, aborda a percepção visual por meio das lentes da experiência pessoal e do cotidiano urbano. Cicero captura a melancolia e a crueza da vida em São Paulo, revelando uma beleza muitas vezes ignorada nos detalhes cotidianos e na vulnerabilidade humana.

Beleza, de Dalila Coelho, celebra barbearias, salões de beleza e casas de bronzeamento das periferias de Belo Horizonte, apresentando uma visão vibrante e colorida da busca pela autoexpressão através da estética. Coelho destaca a importância dos rituais de embelezamento como formas de empoderamento e integração social.

Esses audiolivros juntos oferecem uma perspectiva ampla e profunda sobre como diferentes modos de ver e experimentar a beleza e a identidade podem coexistir. Eles nos convidam a considerar a expressão estética não apenas como uma característica visual, mas como uma experiência sensorial, emocional e culturalmente construída.

A democratização do acesso à cultura e à informação é fundamental. Apesar dos avanços nas leis de acessibilidade no Brasil, a inclusão plena requer um esforço contínuo. Esta exposição é um passo em direção a um mundo onde todos têm o direito de “ver” e apreciar a forma das imagens, independentemente de suas capacidades visuais.

Isabel Santana Terron
Nasceu no Crato, Ceará, e vive em São Paulo. É editora, designer gráfica, produtora gráfica e co-diretora da Tempo d’Imagem, editora especializada em livros de fotografia, em São Paulo. Atua na coordenação do Solar Fotofestival e na curadoria do Prêmio Foto em Pauta para Livro de Fotografia, criado em 2015 e realizado em parceria entre Festival de Fotografia de Tiradentes, Tempo d’Imagem e Solar Fotofestival. Recebeu o Prêmio Jabuti na categoria capa em 2020.

Luciana Molisani
Editora, desenhista gráfica e uma das idealizadoras da Lovely House, editora e casa de livros especializada em publicação e comercialização de livros de arte, com ênfase em fotografia. Graduada em Artes Visuais pela FAAP-SP, atua no mercado editorial há mais de duas décadas. É diretora criativa na agência Irmãs de Criação. É uma das idealizadoras e diretora artística da IMAGINÁRIA_Festa do Fotolivro, o primeiro festival brasileiro dedicado aos livros de fotografia. Participou da curadoria da exposição Constelações Latinas – encontros em fotolivros, que uniu artistas latinas e tem transitado por festivais, como IMAGINÁRIA_’02 e Solar Foto Festival 2022.

Back To Top