A Tenda Imaginária contou com a parceria do coletivo Lombada e foi realizada no calçadão do centro histórico de São Paulo, em frente ao Edifício Vera, que sediou o festival, com livre participação do público transeunte.
Sob a temática “Álbum Coletivo de Memórias de SP”, a ação convidava os pedestres a colaborar na criação de um álbum fotográfico. Todas as pessoas participantes receberam um retrato impresso, feito na hora pelas integrantes do Lombada. Em contrapartida, deixavam uma lembrança visual e escrita que, posteriormente, passou a integrar a exposição “Obra de Memórias”, instalada no Edifício Vera — um convite para que os participantes adentrassem os espaços do festival.

_Obra de memórias

Curadoria: Lombada

O ato de lembrar é capaz de fundar a construção de uma narrativa comum que dá sentido à experiência coletiva, aqui, de imaginação de uma São Paulo traduzida por gente.

Essa é uma dinâmica complexa que molda a coesão e as tensões de nossa identidade, um repositório compartilhado de experiências, símbolos e histórias que constituem a identificação de um grupo.

Obra de memórias propõe um amálgama temporal, onde as relações entre memória, identidade e cidade se revelam de modos específicos.

A exposição diz do lembrar como o pinçar de um fio invisível que conecta o passado ao presente, tecendo um território compartilhado, onde as lembranças individuais se entrelaçam num móbile gigante que flutua, se mistura e se transforma constantemente.

As projeções dos retratos nas paredes transcendem o visual, rememorando cada participante em sua relação íntima com a cidade. Essas imagens, em diálogo com os bilhetes, convidam à reflexão sobre como nossas memórias pessoais moldam a forma como percebemos e habitamos o mundo.

O álbum, por sua vez, se coloca como um objeto de passagem, uma transmutação física que se dá a partir de uma construção compartilhada. Ele não apenas preserva as memórias, mas as reinventa, abrindo caminhos para novas interpretações e sentimentos.

Lembrar fica como a (re)construção de um mosaico fragmentado. Cada memória torna-se uma peça que, isolada, carrega sua própria linguagem e inscrição, mas, unida a outras, e atravessada pelo espectro das pessoas retratadas, forma um texto amplo e complexo.